vamos conversar sobre saúde mental feminina?
- Adelice Pereira

- 10 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de jul.
A contemporaneidade apresenta uma série de desafios que afetam o bem estar psicológico, vivemos em um contexto marcado por desigualdades socioeconômicas, sobrecarga de informações, mudanças climáticas e, mais recentemente, pela pandemia de COVID-19, que acentuou sentimentos de insegurança e impactou negativamente a saúde mental da população mundial. Entretanto, dentro desse panorama geral, é fundamental reconhecer as especificidades de determinados grupos sociais no que se refere ao sofrimento psíquico.
Quando refletimos sobre a saúde mental feminina, torna-se evidente que as relações de gênero e o sofrimento psíquico estão profundamente interligados. As desigualdades de gênero não apenas persistem, mas também se atualizam, impactando significativamente a saúde das mulheres. Um relatório recente da ONG Think Olga revelou que 45% das mulheres brasileiras foram diagnosticadas com ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no período pós pandemia. A ansiedade, em particular, afeta seis em cada dez mulheres no Brasil. Além disso, 86% das mulheres relatam sentir-se sobrecarregadas, especialmente aquelas que assumem sozinhas os cuidados com filhos ou outros familiares.
Ser mulher hoje significa enfrentar uma realidade permeada de vulnerabilidades, onde meninas e mulheres estão constantemente expostas a diversas formas de violência e abuso. Além disso, enfrentam barreiras para acessar recursos que promovam autonomia sobre suas vidas e corpos, enquanto permanecem como as principais responsáveis por tarefas de cuidado – mal remuneradas ou não remuneradas. Soma-se a isso as imposições sociais relacionadas a padrões estéticos e comportamentais que exigem uma performance que afasta muitas mulheres da sua própria natureza. Constitui-se assim uma sobrecarga psíquica que pode ser adoecedora.
Nesse cenário, torna-se imperativo aos profissionais da psicologia e outras áreas da saúde dedicadas ao cuidado, considerar a perspectiva de gênero. Uma escuta clínica qualificada pode oferecer um espaço de acolhimento ao sofrimento psíquico feminino, compreendendo como as contingências de gênero afetam a saúde mental das mulheres. Essa prática pode possibilitar reflexões e a desconstrução de modelos hegemônicos, sem negligenciar as desigualdades geradas pela interseção entre gênero, raça e classe.
A perspectiva de gênero favorece o cuidado à saúde mental feminina pois possibilita às mulheres ressignificar suas experiências e falarem por si, aliviando assim o peso das relações de poder em suas vidas. Dessa forma, a psicologia pode não apenas transformar a forma como as mulheres percebem a si mesmas, mas também contribuir para a construção de relações mais justas e equitativas.
Se você se identificou com estas reflexões e deseja repensar a forma como se relaciona com o mundo, conte comigo para te acompanhar neste processo!


