vamos conversar sobre trauma psicológico?
- Adelice Pereira

- 11 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jul.
“trauma é a incapacidade de habitar o próprio corpo sem ser possuído por suas defesas e o entorpecimento emocional que interrompe todas as experiências, incluindo prazer e satisfação”
Bessel Van Der Kolk
Trauma psicológico é um fenômeno neuropsicofísico que deixa registros no pensamento, moldando a forma como interpretamos o mundo. No cérebro, alterando o funcionamento de sistemas. Nas emoções, condicionando nossas reações e no comportamento, interferindo na forma como interagimos e nos relacionamos.
A palavra trauma refere-se a ”ferida física”, mas o trauma psicológico é um outro tipo de lesão, um ferimento interno, profundo, que acontece quando vivemos uma experiência que sobrecarrega o sistema nervoso e o organismo como um todo. Um registro invisível que se forma quando experienciamos algo “em excesso, muito rápido, muito cedo, por muito tempo, aliado a ausência do que deveria ter acontecido como recurso”. (Resmaa Menaken)
O que determina a traumatização é como o evento foi vivido e principalmente como foi cuidado, ou não. Trauma também é o que não aconteceu, não ser visto, não ser cuidado, não ser atendido em suas necessidades, nas palavras de Peter Levine:” trauma não é o que nos acontece, mas o que mantemos dentro de nós na ausência de uma testemunha empática”.
A traumatização cria uma lente que mostra o mundo como um lugar inseguro, isso se expressa em um sistema nervoso em estado de constante vigilância, o que altera a neuroquímica cerebral e traz consequências como desregulação emocional, sensação de perigo constante, dificuldades com autoimagem, com o senso de identidade, limita a capacidade de confiar e se vincular, bem como sintomas físicos como dores crônicas, insônia, tensão muscular, fadiga constante, doenças psicossomáticas entre outros sintomas.
A compreensão do trauma nos convida a um olhar mais compassivo sobre o sofrimento humano. Mais do que buscar o que está “errado” em alguém, passamos a reconhecer o que precisou ser feito para sobreviver. O cuidado, nesse caminho, não se dá apenas pela análise dos eventos passados, mas pelo cultivo de experiências presentes que ofereçam segurança, vínculo, autonomia e cuidado, condições que restauram o senso de si e permitem que a vida volte a fluir, com menos medo e mais presença.


